9/2/19
Quanto
tempo faz? Quanto tempo faz que não escrevo nada? Faz muito tempo. E
aquela que produzia tanta ladainha era, afinal das contas, uma pessoa
profundamente quebrada. Em muitos, muitos pedaços.
Em crise
de ansiedade faz bem escrever, ao que parece. Eis aqui my come back.
Despedacei.
Pensei que ia morrer. Não morri. Chorei. Chorei muito. Levantei. A
vida caminhou a trancos e barrancos, desceu morros e subiu montanhas.
Arrumei
trabalho. Paguei remédios. Viajei. Namorei, noivei e casei. Mudei a
cidade, a casa e o nome.
Mudei
sentimentos. Me fiz melhor e tive ajuda.
Mas lá
naquele fundinho recôndito da alma da gente... que só às vezes
aventuramos olhar porque por demais escuro e assustador... La estão
as coisas que não conseguimos entender. E elas doem, sem resposta,
sem pergunta nem por quê, sem explicação.
Hoje olhei
pra uma pessoa e vi. Um fundinho recôndito e sombrio, preenchido pelo
vazio. E foi como se aquele vazio gritasse pro meu vazio: “tem
alguém aí? Sei que tem.
Isso já
me aconteceu antes claro. E quando me gritaram eu respondi
prontamente que sim! Havia alguém ali! Eu e meu vazio... não
estávamos sozinhos afinal...
Descobri
com isso que um espaço vazio não se preenche com mais vazio e hoje,
quando escuto a mesma pergunta feita em silencio (porque é sempre em
silencio), eu não quero responder. Não quero poder dizer que sim.
Existe alguém aqui. Sozinho e sem sentido. Vazio, quebrado,
dolorosamente remediado, segurando as amarras de um barco fantasma...