Acho que sempre fui uma pessoa um tanto quanto obstinada e talvez
isso faça parte do ser 8/80, como se só existissem esses dois números. E como a
vida fica limitada só com eles.
Desde que ouvi falar em TDAH pela primeira vez, minhas
reflexões a respeito de comportamentos humanos mudaram consideravelmente. Junto
com informações a respeito de meus próprios problemas, veio um mundo de coisas
que eu não entendia exatamente como funcionavam e o que ocasionavam. Li muito
sobre transtorno bipolar (que a principio parecia meu caso), depressão (que é
meu caso), ansiedade, transtorno opositivo, borderline, psicopatia, neurotransmissores,
impulsos nervosos, sinapses, terapia cognitivo-comportamental, Freud, glutamato,
dopaminas, serotoninas, noroadrenalinas e por aí vai... (Ainda hoje se fazem
pesquisas sobre o estômago. Imagino as descobertas acerca de nosso universo
mental que ainda estão por vir). Nesse bolo todo li Jung e sua fantástica teoria
da personalidade, que me revelou uma INFP de carteirinha, sendo algumas das
características: visão ampla e abstrata das coisas, forte apego a valores internos,
disposição de entrar numa batalha pelo que acredita, intensidade na hora de expressar
opiniões, enfim, um pouco de 8/80. rs
Com tanta informação nova, aquilo que antes me parecia impossível,
inexplicável, incompreensível, passou a ser razoavelmente possível: explicar, compreender... viver.
Mas aí... a faca de dois gumes! Eu queria que as pessoas a minha
volta também pudessem descobrir caminhos alternativos para suas dores e obstáculos
intransponíveis. Vejo e escuto tantas pessoas desabarem em tristezas, arrependimentos,
ressentimentos e infelicidades, desabafos às vezes muito parecidos com os meus.
Hoje, compreendo que: problemas parecidos, caminhos diferentes. Quantas vezes não
me disseram pra pensar assim ou assado, pra ver assim ou assado. Ok, pode ser que
pensar assim ao invés de assado seja mesmo o melhor. O ponto é que às vezes, isso
é simplesmente impossível no momento. (Não me refiro aqui a “dicas”, incentivos,
apoios, que a gente dá e recebe pra amenizar algo. Refiro-me ao caminho interno
que todos percorremos em direção à superação de algo. E mesmo a decisão de buscar
ajuda pra isso, é um caminho que só a pessoa pode trilhar. Cada um tem uma história,
uma genética, um raciocínio, uma circunstância, um coração, um tempo... únicos.). O que se pode fazer,
e acredito realmente no poder disso, é demonstrar empatia. E empatia não é simplesmente fazer ao outro o que NÓS gostaríamos que NOS fizessem, mas fazer AO OUTRO o que ELE gostaria que lhe fizessem.
Entender isso traz uma certa paz e permite que consigamos assumir nossas responsabilidades para conosco e para com as nossas escolhas. As minhas mudaram um pouco. Agradeço muito a existência do hiper-foco, esse pilar de sustentação que me permite quebrar a vida em momentos e analisar esses pedaços, não mais como meio de autocomiseração, mas como um degrau a subir, a superar.
Não cultivo mais a sensação do: “Ah! agora vai dar tudo certo...
tem que dar!”.
Procuro cultivar a segurança do: não, não vai dar ‘tudo’ certo. Às vezes
vai dar 8... às vezes 80... mas por que não às vezes 10, 15, 27, 32, 41, 54, 65, 73...
Adoro seus textos!
ResponderExcluirGostei muito, principalmente no que tange às pessoas diferentes com soluções diferentes.
Estou pensando em o quanto o TDAH nos faz pensar. E nesse quesito, nem é tão ruim ter o TDAH descoberto após adulto; nos proporciona um balanço e uma reflexão sobre a vida e nossos comportamentos.
Uma abração
Alexandre
Realmente, nosso olhar adulto divisa tantas coisas... Balanços e reflexões mais calmos, serenos, claros.
ExcluirMuito obrigada pelas palavras, Alexandre! Muito bom contar com apoio!
Um abração!
Ana.
as pessoas nunca param pra pensar e tentar lutar contra os seus problemas...
ResponderExcluire isso as mantem com os mesmos problemas sempre.
ainda bem que meu TDAH me faz um "ser pensante" quase 24hras por dia (quando não estou sonhando em pé) kkkkkkkk
gostei do seu blog.
bjs
Oi Martina!
ExcluirE mesmo sonhando em pé... são sonhos muitas vezes complexos e por que naõ dizer, até produtivos né? :p
Obrigada pela participação! Volte sempre! rs
Abração!
Ana
Comigo é diferente, de tanto pensar sofro. Acredito que tudo está sempre errado, minha vida e o mundo. Acho que cheguei nisso pq fui deixando a vida me levar, e deveria ter sido o contrário.
ResponderExcluirSempre tenho ideias ótimas, mas algumas são esquecidas, outras adiadas e por fim, algumas poucas realizadas. As que são realizadas, mais tarde são abandonadas e eu acabo um pouco mais frustrada, já que desisto de tudo. Tenho a impressão de estar assistindo minha vida passando diante dos meus olhos enquanto penso, penso e penso no que devo fazer, em como farei e assim vai.
Estou tomando a 8 dias Bupropiona 125mg, alguém já tomou? Dá realmente algum resultado? Pq já estou pensando em desistir.
Vlw
Mmb, muito obrigada por seu comentário! Também trato com bupropiona...
ExcluirRespondi no post seguinte.
Qualquer coisa estamos aqui! só mandar sinal de fumaça!
Bjinhus e não desista!
Ana.