quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Do lado de fora.

Neste minuto estou sentada em frente à janela do meu quarto que dá de cara com meia dúzia de árvores (que ainda sobrevivem em São Paulo por estarem no quintal da minha avó) e sentindo um ventinho muito bom neste dia de calor. A janela de madeira com tinta azul descascada dá um tom aconchegante pro lugar.
Daí me assalta um quadro mental que não pertence a este lugar nem a esta hora...
Desde criança me lembro de sentar na janela e olhar o nada, aperfeiçoando a arte milenar de imaginar a vida em suas mil possibilidades, uma mania de sempre querer ver ou estar mais além, sejam lá onde esse além for.
Acho incrível como certas imagens puxam milhões de quadros mentais relacionados e modulam emoções. Dão gás, adrenalina, ânimo, saudades, força...
Agora o quadro é: uma sala grande e clara, bem ventilada, com tacos de madeira no chão, portas largas e um piano. Janelas de madeira, pintadas de verde, que dão de frente pra ruas arborizadas. Acho que esse lugar seria uma escola de artes. E em outras salas haveria telas e tintas e pedações de madeira pra esculpir.
Será que se eu olhasse por essas janelas verdes, eu me veria... olhando de uma janela azul descascado?
TDAHs realmente viajam e viajam pra valer!

Mas ok. Tirando as janelas do meu quadro mental... fala sério, quem é que consegue se concentrar com tanta coisa acontecendo do lado de fora de TODA e QUALQUER janela???



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Do it.

Impulsividade traz lá seus infortúnios tristes.
No entanto hoje, me veio na cabeça frases de pessoas que conheço. Muitas dizem tanto, tantas vezes a frase: “gostaria de fazer”, “gostaria de ser”, “ah! quem sabe eu consigo fazer isso mais pra frente”. O caso é que, desde que as conheço, essas frases se aplicam às mesmas coisas, aos mesmos objetivos, alguns dos quais, surpreendentemente eu realizei. Posso não ter persistido pelo tempo ou período que eu gostaria, mas realmente, posso dizer: realizei!
O que houve então? Sou uma completa atrapalhada, por vezes completamente deprimida, completamente desistente, completamente perdida. Por que então, pude atingir certas metas e objetivos que tantos outros, ditos “normais”, não puderam? 
Eis a resposta: impulsividade.
Lenine já diria: "pra moldar, derreta". Quantas coisas eu não teria hoje, se não houvesse derretido impulsivamente tantas outras...
Existiria, então, vantagens em uma das maiores desvantagens de um TDAH?
Talvez. Já que a impulsividade que nos atira em mar aberto é a mesma que nos faz alcançar novos, e outrora “impossíveis”, portos.




"Para quem quer se soltar invento o cais
Invento mais que a solidão me dá
Invento lua nova a clarear
Invento o amor e sei a dor de me lançar
Eu queria ser feliz
Invento o mar
Invento em mim o sonhador
Para quem quer me seguir eu quero mais
Tenho o caminho do que sempre quis
E um saveiro pronto pra partir
Invento o cais
E sei a vez de me lançar"


Milton Nascimento.