quarta-feira, 3 de julho de 2013

Cada coisa em seu devido lugar.

Numa mesa de 70 por 130 cm temos:
Três livros, uma calculadora, impressora, abajur, porta canetas, aparador de livros, porta revistas, um caderninho de anotações, uma saboneteira, guarda-chuva, um porta utilidades, um recorte de saia cheio de alfinetes, uma máquina de costura, uma extensão de tomada meio quebrada, um aparelho desses pra combater pernilongos, um bloquinho de notas, duas pastas pra guardar papéis, papéis, muitos papéis fora das pastas e de qualquer outro “device” produzido para fins organizacionais. Isso porque acabei de remover a bola de pilates, pra poder achar umas peças de roupa.
Aff essa mesa ta me desafiando e esse mundo é muito louco mesmo. Onde já se viu ter que se armar para atacar uma baguncinha? Já pensei em atacar o que me pareceu, à primeira vista, o coração do problema: a mesa. Taco a mesa no lixo, oras. Mas, claro, tudo que se encontra sobre ela estaria então no chão e a visão do inferno seria pior do que esta, que agora diviso. Taco as coisas todas no lixo então. Mas... coisas são multiplicáveis, uma espécie que se auto-reproduz eficazmente, continuamente, inexplicavelmente e inumeravelmente. Neste caso, me taco no lixo? Porque obviamente o coração de todo o problema parece ser... eu.
Admito... admitoooo. Já me taquei no lixo, me tirei do lixo, me taquei no lixo, me tirei do lixo e assim foi, e assim é. Resistirei bravamente à tentação de dar cabo de tudo numa enorme fogueira, quase um ritual de desapego, um grito à liberdade, um não ao materialismo. Resistirei à tentação de lutar por essa causa libertária, de angariar seguidores, de propagar esse movimento.
Como gente de bem, vou me conscientizar dos anos que me pesam às costas e começar a guardar, como minha mãe já diria: cada coisa em seu devido lugar.
Agora... me incluindo nessa... meu lugar, qual é?
Às vezes sinto tanta inveja dos bonecos de Lego dentro daquela caixa azul...

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