Hoje escrevo deliciosamente acomodada na cadeira da limitação
e antes que alguém pense numa figura derrotada arrastando os braços pelo chão,
digo: Não! Estou sentada no pódio de uma de minhas maiores conquistas – a de
entender a diferença entre falta de perseverança e falta de modéstia.
Sabe quando aquela parte de nossa personalidade, ligada aos
nossos desejos mais íntimos, nos move em determinada direção, para um objetivo
qualquer? Pra quem é mais intenso, talvez até extremista (como eu), esse
percurso envolve o desejo de ser inabalavelmente constante, inabalavelmente ágil,
inabalavelmente eficaz, envolve perseverança inabalável. Quando vejo outros que
parecem trilhar caminhos similares seguirem direto rumo à linha de chegada me
empolgo muito mais e de repente sinto: uma constância abalada, agilidade abalada,
eficácia e perseverança abaladas. A dor do cansaço e da impossibilidade de
continuar. O rumo perde o sentido, o objetivo perde o foco, o coração perde o
desejo.
O tempo passa e aquilo que julgávamos morto dentro de nós
reascende e nos relembra de onde paramos e a perseverança nos diz que ainda há
tempo de prosseguir naquele velho caminho. Mas qual não é a surpresa de
perceber o mesmo resultado, de novo e de novo. Por que não consigo seguir com
algo que desejo tanto?
Oras resposta camuflada, revele-se mesmo que doa: limitações.
Todos temos. Eu tenho. O resultado se repetirá, no mesmo ponto, ora porque
acredito que consigo, ora porque dizem que consigo, ora porque me culpo por não
conseguir. Como me impedir de ser irrealista com o que exijo de mim? Como me
proteger contra o que alguns lunaticamente esperam de mim?
Tão importante quanto cultivar perseverança é conhecer as próprias
limitações. O problema não está no caminho, nos obstáculos, no desejo em si. Está
na forma como o perseguimos. E a única maneira de vencer nossas limitações é
saber que elas existem e quais são.
Eu jamais incentivaria uma pessoa sem pernas a escalar o
Everest como meio de auto-superação, dizendo que lhe faria bem à auto-estima. Mas
eis! Me olho no espelho... onde estão minhas limitações? Não vejo. Não vêem. Nem
tomografia ou raio X. Logo, apanho meus equipamentos de escalada e começo uma
subida que logo será impedida por elas, que não eram visíveis. Quando a
perseverança resulta em quedas constantes, é sinal de que muito provavelmente
existe ali uma limitação. Sermos modestos e admitirmos que por aquele caminho não
temos condições de seguir como gostaríamos é sinal de sabedoria, não de
fraqueza.
Mas desistir? Rs Hum... impossível. Muitos desejos não
morrem, adormecem. E quando nos tratamos com respeito e carinho, eles acordam. Persegui-los
novamente? Por que não? Hoje persigo velhos desejos, mas ao invés de escalar,
estou dando a volta.
Se eu demorar mais que outros, significará apenas que
perseverei por mais tempo. E feliz...
Oi Ana Beatriz!
ResponderExcluirMuito legal esse post.
Esse exemplo da escalada da montanha foi fantástico!
Nosso problema é q nunca escolhemos um pequeno morro pra subir, tem que ser algo bem maior e mais desafiador pq senão nem começamos a subida kkkkkkk
Bjão.
Aline
É Aline... com a gente é no bruto! Nada de molezinhas não! rss
ExcluirObrigada pela participação!
Bjão!
Ana
Perfeito!
ResponderExcluirOlá Mmb!
ExcluirObrigada! E vamo que vamo! ;)
Grande abraço!
Ana.
Que lindo post, Ana!
ResponderExcluirPensei em tanta coisa da minha vida que eu amava e abandonei.
O principal é o saxofone, adoro quando toco e me prometo perseverar.
Passo semanas sem voltar a pegar nele.
Preciso reencontrar o caminho do sax.
Mexeu muito comigo.
Abraços
Alexandre
É isso aí meu amigo! Reencontrar é a palavra da vez! O objetivo vc já tem... agora resta reencontrar o caminho... :)
ExcluirAinda vou te ver tocar em algum sarau! :p
Obrigada pelas palavras e por dar uma palinha de sax por aqui. ^^
Grande abraço
Ana.