quinta-feira, 4 de abril de 2013

8, também 80...

Observando as pessoas percebo o quão difícil é conduzir o pensamento por novos caminhos, redirecionar aquele impulso elétrico para outros neurônios, fazer novas sinapses, ver novas possibilidades, ou ver as mesmas de forma diferente.
Acho que sempre fui uma pessoa um tanto quanto obstinada e talvez isso faça parte do ser 8/80, como se só existissem esses dois números. E como a vida fica limitada só com eles.

Desde que ouvi falar em TDAH pela primeira vez, minhas reflexões a respeito de comportamentos humanos mudaram consideravelmente. Junto com informações a respeito de meus próprios problemas, veio um mundo de coisas que eu não entendia exatamente como funcionavam e o que ocasionavam. Li muito sobre transtorno bipolar (que a principio parecia meu caso), depressão (que é meu caso), ansiedade, transtorno opositivo, borderline, psicopatia, neurotransmissores, impulsos nervosos, sinapses, terapia cognitivo-comportamental, Freud, glutamato, dopaminas, serotoninas, noroadrenalinas e por aí vai... (Ainda hoje se fazem pesquisas sobre o estômago. Imagino as descobertas acerca de nosso universo mental que ainda estão por vir). Nesse bolo todo li Jung e sua fantástica teoria da personalidade, que me revelou uma INFP de carteirinha, sendo algumas das características: visão ampla e abstrata das coisas, forte apego a valores internos, disposição de entrar numa batalha pelo que acredita, intensidade na hora de expressar opiniões, enfim, um pouco de 8/80. rs
Com tanta informação nova, aquilo que antes me parecia impossível, inexplicável, incompreensível, passou a ser razoavelmente possível: explicar, compreender... viver.

Mas aí... a faca de dois gumes! Eu queria que as pessoas a minha volta também pudessem descobrir caminhos alternativos para suas dores e obstáculos intransponíveis. Vejo e escuto tantas pessoas desabarem em tristezas, arrependimentos, ressentimentos e infelicidades, desabafos às vezes muito parecidos com os meus. Hoje, compreendo que: problemas parecidos, caminhos diferentes. Quantas vezes não me disseram pra pensar assim ou assado, pra ver assim ou assado. Ok, pode ser que pensar assim ao invés de assado seja mesmo o melhor. O ponto é que às vezes, isso é simplesmente impossível no momento. (Não me refiro aqui a “dicas”, incentivos, apoios, que a gente dá e recebe pra amenizar algo. Refiro-me ao caminho interno que todos percorremos em direção à superação de algo. E mesmo a decisão de buscar ajuda pra isso, é um caminho que só a pessoa pode trilhar. Cada um tem uma história, uma genética, um raciocínio, uma circunstância, um coração, um tempo... únicos.). O que se pode fazer, e acredito realmente no poder disso, é demonstrar empatia. E empatia não é simplesmente fazer ao outro o que NÓS gostaríamos que NOS fizessem, mas fazer AO OUTRO o que ELE gostaria que lhe fizessem. 

Entender isso traz uma certa paz e permite que consigamos assumir nossas responsabilidades para conosco e para com as nossas escolhas. As minhas mudaram um pouco. Agradeço muito a existência do hiper-foco, esse pilar de sustentação que me permite quebrar a vida em momentos e analisar esses pedaços, não mais como meio de autocomiseração, mas como um degrau a subir, a superar.
Não cultivo mais a sensação do: “Ah! agora vai dar tudo certo... tem que dar!”.
Procuro cultivar a segurança do: não, não vai dar ‘tudo’ certo. Às vezes vai dar 8... às vezes 80... mas por que não às vezes 10, 15, 27, 32, 41, 54, 65, 73...

6 comentários:

  1. Adoro seus textos!
    Gostei muito, principalmente no que tange às pessoas diferentes com soluções diferentes.
    Estou pensando em o quanto o TDAH nos faz pensar. E nesse quesito, nem é tão ruim ter o TDAH descoberto após adulto; nos proporciona um balanço e uma reflexão sobre a vida e nossos comportamentos.
    Uma abração
    Alexandre

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Realmente, nosso olhar adulto divisa tantas coisas... Balanços e reflexões mais calmos, serenos, claros.
      Muito obrigada pelas palavras, Alexandre! Muito bom contar com apoio!
      Um abração!
      Ana.

      Excluir
  2. as pessoas nunca param pra pensar e tentar lutar contra os seus problemas...
    e isso as mantem com os mesmos problemas sempre.
    ainda bem que meu TDAH me faz um "ser pensante" quase 24hras por dia (quando não estou sonhando em pé) kkkkkkkk
    gostei do seu blog.

    bjs

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Martina!
      E mesmo sonhando em pé... são sonhos muitas vezes complexos e por que naõ dizer, até produtivos né? :p
      Obrigada pela participação! Volte sempre! rs
      Abração!
      Ana

      Excluir
  3. Comigo é diferente, de tanto pensar sofro. Acredito que tudo está sempre errado, minha vida e o mundo. Acho que cheguei nisso pq fui deixando a vida me levar, e deveria ter sido o contrário.
    Sempre tenho ideias ótimas, mas algumas são esquecidas, outras adiadas e por fim, algumas poucas realizadas. As que são realizadas, mais tarde são abandonadas e eu acabo um pouco mais frustrada, já que desisto de tudo. Tenho a impressão de estar assistindo minha vida passando diante dos meus olhos enquanto penso, penso e penso no que devo fazer, em como farei e assim vai.
    Estou tomando a 8 dias Bupropiona 125mg, alguém já tomou? Dá realmente algum resultado? Pq já estou pensando em desistir.
    Vlw

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Mmb, muito obrigada por seu comentário! Também trato com bupropiona...
      Respondi no post seguinte.
      Qualquer coisa estamos aqui! só mandar sinal de fumaça!
      Bjinhus e não desista!
      Ana.

      Excluir