sexta-feira, 31 de agosto de 2012

TDAH Piromaníaco

Devo começar o assunto com uma pequena historia real:
Eu e minha irmã mais nova estávamos a observar a noite, comendo nozes e passas e... claro, usufruindo da deliciosa pratica de fazer fogueira (no quintal dos fundos da casa dela). Muito prevenida e sempre alerta a qualquer possibilidade de perigo mortal, ela deixou um balde cheio d’água por perto. E lá íamos nós, queimando madeira e colocando embaixo delas umas... folhinhas de papel. Papo vai, papo vem, vento vai, vento vem e umas folhas de papel passearam até a parede em frente ao lugar onde estávamos sentadas. Mais que rapidamente ela gritou em desespero:
ÁGUA! ÁGUA! 
E lá se foi o inteiro balde de água em toda a fogueira que assumia ares grandeza.
É claro que diante da cena desesperada frente a um protótipo de incêndio e a fumaça impestiando o quintal, tivemos de rir loucamente.

Agora sim, explicação:
Não existe nada pior do que ser uma fogueira quentinha e controlada e abrigar, no interior de nosso ser, folhas de papel soltas.
Aquele acúmulo inexplicável de energia, que de tão grande e necessitado de algo a altura, teima em não sair. Pois é. Uma hora essa energia sai. Aos poucos ou em generosas porções de agressividade. Tenho uns quadros mentais em que me vejo lutando muay thai. Sou da paz, mas admitidamente me dá uma sensação de vida e o ímpeto de sair da cadeira. É aquela maldita busca pela pastilha da ação que tanto precisamos, um verdadeiro vício: o jato de adrenalina, a droguinha da felicidade, as folhas soltas querendo voar ao sabor do vento.

Já não acalento mais ilusões de mudanças totais e permanentes.
(Deus sabe a luta que se trava pra não deixar o Hulk sair e como, de repente, a sra. Razão foge com o amante Bom Senso e deixa pra traz só o marido  traído do Sr. Passional.)

No entanto, tenho conseguido mudar o refrão da música: ‘se depender de mim, não vou até o fim.’
O remédio certamente deve estar fazendo seu papel (li na bula, inclusive, que ele é usado pra controlar agressividade, além de outras maravilhas). E mais importante, o autoconhecimento. A qualquer sinal mais brusco de faíscas, grito histericamente:
ÁGUA! ÁGUA!

E no final, tenho lucrado ótimas gargalhadas. :p



2 comentários:

  1. Obra prima, Ana Beatriz. Mas que medicamento é este que está fazendo efeito?

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  2. Olá Rafael! Muito obrigada!
    Meu TDAH está associado à depressão, então estou tomando um antidepressivo muito utilizado pra tratamento em TDAHs. Ele aumenta a concentração e diminui consideravelmente a agressividade. Embora a maioria utilize a Ritalina, no meu caso o Welbutrin XL apresentou um melhor resultado.
    Creio que o ponto é não desistir do tratamento, quando um ou outro remédio não surte o efeito desejado. Infelizmente, achar o melhor medicamento é uma questão de tentativa e erro, certo? rs
    Grande abraço!!!
    Ana.

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