Recebi esse comentário no post anterior. Fiquei pensando nele e a primeira conclusão que cheguei foi: o TDAH ou qualquer outro transtorno relacionado ao emocional faz do portador alguém especialmente empático. A gente sente no peito o que o outro quis dizer.
Uma outra amiga muito querida foi
diagnosticada faz alguns meses como sendo portadora do Transtorno Borderline.
Em resposta a um e-mail meu ela disse estar sofrendo de constantes crises de
choro e de ter a sensação de enlouquecer literalmente. Sei o que é. E sinto.
Buscamos uma convivência pacífica com nós mesmos, desejamos poder habitar nosso próprio corpo confortavelmente, lutamos
pela sanidade. Essa busca também se dá com relação ao mundo à nossa volta, em
especial com quem convive conosco.
As pessoas andam cada vez mais mesquinhas em
termos de sentimentos. Economizam compreensão e carinho, generosidade e
empatia, como se essas coisas fossem acabar se demonstradas em abundância. E isso
pode ser uma via de mão dupla, uma vez que nós, portadores de transtornos
emocionais, muitas vezes julgamos quem não sofre o mesmo calvário, e portanto,
não entende certos aspectos de nossos sofrimentos.
Creio, como já disse antes, que a melhor
arma a nosso favor seja o conhecimento. Não tenhamos vergonha de explicar a quem
amamos nossos mais profundos sentimentos. Sejamos humildes pra pedir perdão
quando erramos e magoamos. Tenhamos à nossa volta pessoas que nos valorizem por
nossos (não poucos) esforços e que nos ajudem a tirar de nós o nosso melhor.
Minha amiga, me atrevo a dizer que tudo isso
é sempre uma luta. Se existem comorbidades então é uma luta dupla. Quando a
depressão está atrelada, por exemplo, (o que é muito comum) o desânimo e a
tristeza fazem um considerável peso extra. Entendo bem essa linha fina entre
real e fantasia (e muitas vezes entre o real e o completo desespero).
MAS, a boa notícia que tenho pra você é:
somos duros, somos fortes, criamos resistência diante das agruras que nos
sobrevêm. Nossa vida é feita de pequenas e às vezes grandes batalhas.
Choramos, nos desesperamos, levantamos e seguimos, sempre um pouquinho mais.
Cada pequena vitória traz um sentimento de paz que vem da esperança de que sim,
vamos sobreviver, mais experientes, mais teimosos! rs
Não vamos desistir de nos tratar, de
continuar adquirindo conhecimento, de tentar ser melhores para nós mesmos
e para as pessoas que amamos (e que nos amam como verdadeiramente somos). Não
vamos desistir de buscar compreensão e de compreender, porque o contrário, a
frieza e a incompreensão contaminam e vão se espalhando aos poucos, nos
deixando à mercê de uma enorme carência. Carência de humanidade, de ser Humano...
E não precisa ser assim.
Se lutarmos em prol disso, acredito realmente que é possível
“enxergar a felicidade”.
(E tenha a certeza de que não está sozinha. Mesmo! rs)