terça-feira, 30 de outubro de 2012

The show must go on!!

pelo amor de deus,me diz se é possível ser feliz de verdade sendo um portador de tdah,se um dia você finalmente enxerga a felicidade,ou será sempre uma luta entre o que é real e o que é fantasia?


Recebi esse comentário no post anterior. Fiquei pensando nele e a primeira conclusão que cheguei foi: o TDAH ou qualquer outro transtorno relacionado ao emocional faz do portador alguém especialmente empático. A gente sente no peito o que o outro quis dizer.
Uma outra amiga muito querida foi diagnosticada faz alguns meses como sendo portadora do Transtorno Borderline. Em resposta a um e-mail meu ela disse estar sofrendo de constantes crises de choro e de ter a sensação de enlouquecer literalmente. Sei o que é. E sinto.

Buscamos uma convivência pacífica com nós mesmos, desejamos poder habitar nosso próprio corpo confortavelmente, lutamos pela sanidade. Essa busca também se dá com relação ao mundo à nossa volta, em especial com quem convive conosco.
As pessoas andam cada vez mais mesquinhas em termos de sentimentos. Economizam compreensão e carinho, generosidade e empatia, como se essas coisas fossem acabar se demonstradas em abundância. E isso pode ser uma via de mão dupla, uma vez que nós, portadores de transtornos emocionais, muitas vezes julgamos quem não sofre o mesmo calvário, e portanto, não entende certos aspectos de nossos sofrimentos.
Creio, como já disse antes, que a melhor arma a nosso favor seja o conhecimento. Não tenhamos vergonha de explicar a quem amamos nossos mais profundos sentimentos. Sejamos humildes pra pedir perdão quando erramos e magoamos. Tenhamos à nossa volta pessoas que nos valorizem por nossos (não poucos) esforços e que nos ajudem a tirar de nós o nosso melhor.

Agora, voltando à pergunta do início:
Minha amiga, me atrevo a dizer que tudo isso é sempre uma luta. Se existem comorbidades então é uma luta dupla. Quando a depressão está atrelada, por exemplo, (o que é muito comum) o desânimo e a tristeza fazem um considerável peso extra. Entendo bem essa linha fina entre real e fantasia (e muitas vezes entre o real e o completo desespero).
MAS, a boa notícia que tenho pra você é: somos duros, somos fortes, criamos resistência diante das agruras que nos sobrevêm.  Nossa vida é feita de pequenas e às vezes grandes batalhas. Choramos, nos desesperamos, levantamos e seguimos, sempre um pouquinho mais. Cada pequena vitória traz um sentimento de paz que vem da esperança de que sim, vamos sobreviver, mais experientes, mais teimosos! rs

Não vamos desistir de nos tratar, de continuar adquirindo conhecimento, de  tentar ser melhores para nós mesmos e para as pessoas que amamos (e que nos amam como verdadeiramente somos). Não vamos desistir de buscar compreensão e de compreender, porque o contrário, a frieza e a incompreensão contaminam e vão se espalhando aos poucos, nos deixando à mercê de uma enorme carência. Carência de humanidade, de ser Humano...
E não precisa ser assim.

Se lutarmos em prol disso, acredito realmente que é possível “enxergar a felicidade”. 
(E tenha a certeza de que não está sozinha. Mesmo! rs)




         

8 comentários:

  1. ANAAAAAAAAAAAAAAH!!!!QUERIDÍSSIMA Ana.tenho tanto pra falar depois deste seu post,que mal consigo me articular.Já comecei a chorar de cara com título do post,não poderia existir título mais apropriado,mais inteligível.É essa a essência, ana.Era essa a sensação que sempre tive sobre mim mesma:que no final do dia,do mês,do ano,eu estava mais forte,estava sendo lapidada.E isso é pura felicidade... 'cause i'm a lucky man.With fire in my hands...

    E você me fez enxergar isso com este post.Pois antes era só uma sensação misturada e bagunçada muito mais do que uma certeza.A imagem que consigo formar na minha cabeça agora representa minhas emoções embaraçadas e embebidas em negatividade e insegurança e aquela vozinha lá no fundo sufocada gritando "você é forte,você vai sobreviver e vai ficar melhor a cada dia,não se desespere!" e finalmente o conhecimento,nossa arma,está fazendo de mim uma pessoa melhor,muito melhor,para mim e para os outros ao meu redor,o que dá uma sentimento de liberdade enorme para realmente sentir e exercer a generosidade,a compreensão,a HUMANIDADE,mesmo naqueles momentos de crise de negatividade do tdah,parece que hoje eu consigo respirar fundo e dizer "venha,pode vir,mas eu vou te expulsar com todas as minhas forças".

    Eu só não tinha me dado conta ,até agora,que isso tudo é PURA FELICIDADE,eu já estava sendo feliz e não sabia,afinal o que seria da felicidade se não fosse uma boa luta,e nós em especial,talvez sejamos mais felizes,pois temos grandes lutas,algumas perdas,mas consequentemente GRANDES VITÓRIAS.

    É por isso que eu quero gritar(sem me importar o quanto isso é tdah ou não rsrs) daqui de pernambuco,jaboatão dos guararapes,pra você aí,minha querida ana beatriz:MUITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!! POR TER ME FEITO, FINALMENTE, ENXERGAR O QUE EU PRECISA.Eu realmente não esperava um clarão desses hoje.Assim como também não esperava que você fosse incluir no seu post justamente ESTA MÚSICA que eu escuto como escuto minha própria voz todos os dias.Nós tdahs nos tornamos muito mais que empáticos,nos tornamos soul-mates uns dos outros.É incrível !não é mesmo?

    Anaaaaaahhhh! Te amo!!! quando eu crescer quero ser igual a você! tenho muito o que te agradecer,desde a primeira vez que você me respondeu,mas hoje, eu vou agradecer por VOCÊ EXISTIR E POR SER EXATAMENTE DO JEITINHO QUE VOCÊ É!

    FICA COM DEUS E ATÉ A PRÓXIMA!

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    1. Brigadão Nadir!
      E é isso aí! Bora pra frente! E viva The Verve! hehehehe
      Grande abraço!

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  2. Lindo texto, Ana. Efetivamente, enxergamos o mundo sobre uma 'ótica diferente'.
    O nosso grande sofrimento de outrora e ''o de pouco de cada dia'', modificou-nos e continua nos lapidando aos poucos. Levando-nos a um ponto fora da curva.
    Somos o 'patinho feio' de Hans Christian Andersen. Ainda não consigui achar o 'meu cisne interior', mas em um mundo capitalista cada vez mais desumano e insensível, percebo que tenho uma qualidade: A Empatia, que me faz querer o bem de outrem.
    l.f.

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    1. Olá Luis!
      Realmente a empatia é uma das qualidades mais preciosas ao meu ver... E o sofrimento é um grande lapidador. Que continuemos a usa-la ao invés de nos tornarmos frios e inflexíveis, né? Porque desses, o mundo já está cheio, como você bem disse.
      Obrigada pelo comentário!
      Grande abraço!
      Ana

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  3. Costumo dizer que em pouco tempo a empatia vai valer ouro, cada vez mais as pessoas fazem questão de não ser empáticas, não sei se tem a ver com uma sociedade competitiva por natureza, mas me parece que as pessoas estão perdendo a capacidade de serem empáticas, ao mesmo tempo que precisam desesperadamente serem compreendidas.

    Achei muito bom seu texto, pra ler e reler várias vezes.

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  4. Olá José!
    Tem toda razão. Parece que as pessoas estão com tanta pressa, tão ocupadas tentando adquirir os mais avançados aparelhos de comunicação, que esquecem de se relacionar de fato com outros e de SER mais humanos...
    Obrigada pelo comentário e pelo elogio!
    Abração!

    Ana.

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  5. Bom dia, Ana Beatriz!
    Sei que vou me repetir mas, parabéns.
    Seu texto é deliciosamente esclarecedor e realista.
    Vamos juntos amiga, não vamos desistir, essa palavra não existe em nossas vidas.
    Se vamos conseguir superar todos os nossos desafios eu não sei, mas sei que partiremos com a certeza de termos feito o melhor que nos foi possível.
    E deixaremos um rastro de luta incansável e indelével.

    Abraços
    Alexandre

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    1. "E deixaremos um rastro de luta incansável e indelével."
      Isso é inevitável! :)
      rs
      Obrigada Alexandre!
      E vamo, que vamo! Não nos pegarão sem luta! hehehe
      Abração!

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