sábado, 8 de junho de 2013

A luta pela sobrevivência.

Hoje passei o dia entre o “vamo lá” e “ah! chega, chega, chega, não agüento mais”. Minha cabeça entrou em atividade mais frenética que de costume e não sei, somando a depressão vem a completa paralisia. Meu corpo vira uma bomba implosiva. Os problemas se acumulam todos, as pressões e claro, a incapacidade de pensar claramente nas soluções me deixam o bagaço da laranja. A dor aparece e escapa por entre os olhos molhados.

Escutei minha mãe falando de um filme que estava vendo sobre uma mulher com depressão. Fixei a idéia e tentei por todos os meios ver o filme na net Claro, tive de ouvir Ashley Judd falando com a mesma voz de todas as mulheres que aparecem nos filmes da sessão da tarde. Enfim.

Filme cru como nunca vi. Me encontrei em tantas cenas que me senti como quando descobri o tdah lendo os blogs que hoje sigo. Tragicômico. Os sentimentos eram reais e alguém os filmou! Não era só coisa da minha cabeça. Se alguém se atreve a dizer que depressão é falta do que fazer, deveria engolir a seco o DVD. Pensei nisso e no tdah também, porque só quem passa por um transtorno desses entende. Prejuízos. Prejuízos reais. Dores reais. Solidões, confusões, desilusões reais. Lutas, e força e perseverança e garra e fé reais.
A luta pela vida é algo que admiro imensamente. E de fato, lendo relatos de tantos como eu, que deixam seus importantíssimos comentários aqui, lendo blogs de companheiros e amigos, eu vejo: todos nós estamos lutando de um jeito ou de outro pra sobreviver.
E as diferentes fases em que nos encontramos mostram que nunca desistimos, quer estejamos melhores, quer em processo de melhora.
Um exemplo do que estou dizendo se encontra num fantástico comentário que me fez pensar muito, da Victoria, no post Saudade. Eis:

Hoje com 31 anos e diagnosticada ha alguns meses, vejo tudo o que fiz que poderia ter feito diferente e, não teria perdido amores e amigos. 
A Ritalina me mostrou o que sou e posso ser, do que fui - que não era eu, definitivamente.
É triste, desesperador, depressivo, ansioso, vergonhoso. E não me refiro a casos graves, não. É o falar demais, impulsivamente, criticar os outros ao extremo e.. para outros. Falar demais. Sentir raiva, inveja, ira. Como eu era dificil, como minha vida foi complicada e ninguém tinha ideia de que existia um tal de TDAH.”

Pois é. Pra mim, processar informações quando descobri o que tinha foi igualmente doloroso. Mas eu, ela, todos nós estamos aqui né? Compartilhando experiências e nos ajudando a superar! A dor vem, mas que conforto saber que não se está só...

Uma amiga, que luta contra a depressão bipolar, me ligou hoje, pra me animar, encorajar, escutar meus desabafos.
Minha estima já não estava em processo de cremação. Ao fim da conversa, ela disse essas palavras, aí vai:

-Ana, fica bem, não desce das tamancas. Sei que é difícil, mas... minha amiga, tem algo que precisamos a todo custo fazer, custe o que custar. Teremos que dar um jeito.
-É mesmo? O que???!!!
...
-Comprar um balão de gás hélio!

Hahahhahahhahahahahahhahaha

Então é isso. Combinamos uma sessão via skype.
Rir é um santo remédio e o preço do gás compensa.                                               
                          

4 comentários:

  1. Toda vez que eu me pego pensando que "tudo poderia ter sido diferente", sinto algo muito estranho. Por um lado, penso nas oportunidades perdidas, nos amores, nos amigos, no tempo. Por outro, sinto um "perdão interno" muito grande. Sempre me cobrei muito, e como a maioria com depressão e tdah, sempre me decepcionei muito também. Quando fui diagnosticado, eu entendi os porquês. Entendi que "eu" não era eu.

    Sabe quando uma criança tem problemas de aprendizado, e os pais, preocupados, levam ela no oftalmologista, e ele diagnostica que a criança tem problema de visão e estava indo mal na escola porque não conseguia enxergar direito? Eu (nós) sou (somos) a criança. Descobri meu problema, e me foram dados um par de óculos (os remédios). Essa criança, que sempre pensou ser menor, ser inadequada, insuficiente, entendeu os motivos. Ela não vai mudar o passado, mas agora ela tem as ferramentas pra mudar o futuro, e vai poder colocar seu potencial em prática. Ela sente-se empoderada!

    Eu penso que, apesar do passado imutável, ser diagnosticado e tratado é um novo caminho. Não é fácil, mas comparado ao "status quo" do passado, é como vislumbrar novamente um fiapo de esperança, uma luz no fim do túnel.

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    1. E uma luz cada vez mais forte. Neste caso a experiencia é tudo. Como você disse, não há alívio melhor do que descobrir que "eu" não era eu em muitas situações.
      Agora que conseguimos enxergar onde estamos pisando, parar de caminhar é impensável, certo? rs
      Muito obrigada por seu comentário! Muito importante pra mim!
      :)
      Ana.

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    2. Voce me passou uma vontade otima de prosseguir. Legal isso :)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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