quarta-feira, 4 de julho de 2012

Sorria, meu bem. Sorria!!!

Por que algumas pessoas falam tanto, tantas coisas, tantas palavras que faz o tempo correr e não têm propósito algum?
Normalmente começa assim:
“Você não sabe! Meu primo vai casar! Sério!
Assim... tudo começou quando meus tios se conheceram. Era uma linda tarde de verão e fazia muuuito calor! Foi no ano de... de... ai... quando meu Deus... 1940? Não... 1942? Não, não... acho que foi 1940... então... minha tia era uma megera e deu o golpe no meu tio... “
E aí a história do primo vira a história dos tios, dos avós, dos cunhados, do cachorro do vizinho e da própria pessoa que está contando! E sempre se fala mal de alguém! (E o pior... quando conhecemos os envolvidos... vá lá! Mas essas coisas sempre acontecem com quem não sabemos nem se é feio ou bonito).

Tem também aquelas histórias piada-não-engraçada que quando alguém começa a contar, a gente já vai preparando a risada. (o ponto é só saber quando entrar).  Depois de uma, duas, três, vinte, trinta mil dessas, já me esqueço de tirar o sorriso da cara. Qual não foi a surpresa quando certo dia, já terminada a sessão delas, entrei no banheiro e, ao me olhar no espelho, vi o rosto do Coringa. Simplesmente não percebi que meus músculos faciais ainda estampavam um insano big sorriso.


(No caso dos TDAs, muitas vezes, quando o assunto não exige nossa participação ou contribuição ativa, ou quando não somos "úteis" ao que está sendo dito, ou quando este se delonga demais sem propósito ou perspectiva de fim, torna-se muito difícil manter o foco e quanto mais se tenta, maior o cansaço.
Vale lembrar que, para uma mente que já naturalmente produz zilhões de histórias e repassa zilhões de fatos o tempo todo, quase que incontrolavelmente, como um "chiado cerebral" ou um "motor de automóvel desregulado", coordenar e sincronizar informações "internas" com a enorme quantidade de informações "externas" que captamos, causa um inevitável e mui considerável desgaste mental - às vezes quase ao ponto da exaustão.) - Mentes Inquietas.

Não estou dizendo que não gostamos de histórias ou de ouvir pessoas. (Amo varar noite batendo papo com amigos, ouvir coisas engraçadas, ou escutar quem quer dividir um problema).
Mas existem horas e situações em que é preciso (e necessário) simplesmente “ouvir esse silêncio meu amor... no lado esquerdo do peito, esse tambor “.
(Arnaldo Antunes)

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