quinta-feira, 12 de julho de 2012

"onde tudo pode acontecer..."

Um dos sintomas alistados em testes de avaliação preliminar do TDA é: "Distrai-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo com seus próprios pensamentos, parecendo muitas vezes "sonhar acordado".

Ok. Isso é literal. É literalmente literal.
Lembrei de uma conversa que tive com uma amiga meses atrás, que ilustra a conseqüência que isso tem às vezes, quando o problema é agudo: 
- Oi. Eu estou sentada na cadeira... são 22 horas, 23:00... eu estou cansada, mas saber que tenho que levantar, ir ao banheiro, fazer xixi, escovar os dentes, tomar remédio, me mantém sentada na cadeira, estática.
- Isso não é nada! Comigo acontece no vaso. Só de saber que tenho de levantar, entrar no chuveiro, tomar banho, colocar a roupa... fico sentada no vaso, estática.

Sim. O “simulador de vida” dentro da cabeça tem tudo que existe na vida real e mais um monte de tralhas. Dias inteiros passam por esse “simulador”. Viajamos de Troller, pegamos onda, discutimos, abraçamos, trabalhamos muito, gargalhamos e choramos loucamente. Viver as coisas “mentalmente” parece ser quase uma ação compulsiva e muito difícil de controlar, exatamente porque “viajamos” quando nos distraímos e nos distraímos porque viajamos! (Frustrante!!!)
O bom de só "imaginar" coisas é que podemos falar qualquer coisa a qualquer hora pra qualquer um. E podemos “prever” certas situações e como nos sentiríamos nelas.
Mas constatar que corremos no parque, mas as pernas não se moveram, que terminamos um trabalho que nem sequer começamos, que fizemos um curso e não aprendemos nada, que viajamos mas não temos fotos pra lembrar, pode ser bem difícil. Agora, quando é com pessoas, aí sim temos um verdadeiro e doloroso problema: rimos com alguém que não ouviu a piada, demos um presente a alguém que não o recebeu, abraçamos alguém que não sentiu o abraço, dissemos coisas a alguém que só nós escutamos...

Pra mim, entender esse “sintoma” e poder explicá-lo às pessoas que amo foi muito importante e o maior dos alívios. Passei a entender que preciso dizer-lhes na vida real o quanto eu realmente as amo, o quanto são importantes e que não sou indiferente a elas. O remédio é outro aliado. Ele funciona quase como um alfinete, que estoura o balão antes que ele se perca completamente nas nuvens...

Aproveito também para agradecer muito aos meus amigos que mui pacientemente não se esqueceram de lembrar de mim e que muitas vezes foram me buscar mesmo lá, bem longe... no mundo da neura, no mundo da confusão, no mundo da tristeza, no mundo da lua... 

4 comentários:

  1. Gostei, amei
    Eu costumo fazer isso, quando to deitada e tenho que levantar mas estou com sono! Imagino que ja levantei, já me troquei já sai, já fiz tudo rsss e no fim to la ainda dormindo kkk

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    1. E pior! Quando está frio e colocamos só o pé pra fora da coberta, já visualizamos a geada do lado de fora! E Zzzz...
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      Obrigada pela participação! ;)

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  2. Eu tb!Isso me lembra uma história. Minha vó falava:"Nathalia,quando vc sonhar q ta fazendo xixi,abre o olho!"Uma vez eu abri...ou sonhei que abri,inclusive estava no banheiro....no dia seguinte o colchão estava no sol...

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    1. Mais uma vez comprovando o quanto sonhar afeta nossa realidade! rs
      Valeu por compartilhar!!!! Afinal... Unidas venceremos! heheheh

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